O luto não reconhecido dos médicos veterinários
PROALU - Programa de Acolhimento ao Luto
Por Juliana Sato – Psicóloga
Se você perguntar a um médico veterinário o motivo que o levou a esta profissão, existe uma grande chance de que a resposta seja por amor aos animais.
Este amor e dedicação vem com o objetivo de salvar aqueles que tem seu jeito próprio de comunicação, tem necessidades, cuidados e tempos diferentes dos seres humanos. É reforçado e enfatizado na formação da medicina veterinária ainda mais esse cuidado com os animais.
Neste cuidado com os animais existe grande sentimentos. Mas e quando este animal que recebeu todo o investimento emocional, temporal e conhecimentos técnicos morre? Existe reconhecimento dos sentimentos que surgem em decorrência desta perda? Muitas vezes não.
O médico veterinário se relaciona com o luto e a morte desde a sua formação, pois esta é uma profissão no qual é aceitável a eutanásia e não existe preparo para lidar com os sentimentos vinculados a esta prática. Além da exposição constante a situações de crise.
O médico veterinário pode encontrar frustração, tristeza, raiva e impotência tanto em si quanto nos colegas de prática clínica e nos tutores. E como lidar com esses sentimentos?
O início é reconhecer o que está sentindo e principalmente validar o sentimento percebido, mesmo que seja medo. A partir deste reconhecimento, aceitar este sentimento como ele se apresenta.
E isso não quer dizer que será confortável. O luto não é confortável. Porém, é possível encontrar conforto quando se é acolhido. E ao ser acolhido, oferecer acolhimento é um passo que acontece.
Pois a partir do acolhimento, são criadas oportunidades para expressar e facilitar a elaboração do luto que o médico veterinário vive, pois houve um rompimento de vínculo significativo com o paciente, devido a expectativa de cura que não aconteceu.
E este processo de reconhecer, validar, aceitar e acolher é autocuidado. Ponto essencial de restauração e de continuidade saudável de vida. Tendo esta consciência o médico veterinário reduz os estigmas e tabus do luto e evita o sentimento de isolamento, prevenindo o adoecimento.
Amplie a rede de apoio e encontre conforto ao ser acolhido. Seu luto deve ser reconhecido.