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Empatia

By 17 de fevereiro de 2022julho 22nd, 2022ACOLHIMENTO

Empatia

PROALU - Programa de Acolhimento ao Luto

Por Lucas Guimarães M. Santos

Empatia é a capacidade de sintonizar com os sentimentos alheios, e nos tornarmos cognitivamente conscientes disso. Para tanto precisamos compreender os sentimentos da outra pessoa a partir da sua própria perspectiva, assumindo esta como a verdade com a qual ela vê o mundo, evitando julgá-lo por esse sentimento, reconhecer a emoção e por último comunicando esse sentimento.

“Empatia é uma escolha e é uma escolha vulnerável porque, para me conectar com você, eu tenho que me conectar com algo em mim que conhece esse sentimento.” A empatia nos abre a perspectiva do outro, seja qual ela for. Para nós, que trabalhamos com pessoas que muitas vezes estão em seus momentos mais vulneráveis, sentir junto do outro significa sentir o sofrimento dos outros como se fosse nosso.

Isso tem diversas implicações, e resultados tão variados quanto nossa própria variação como indivíduos. Num extremo, que infelizmente é bastante comum, não aprendemos a lidar com esse sofrimento sentido como próprio. A relação com indivíduos carentes pode nos levar a fadiga empática (ou fadiga de compaixão, como a literatura insiste em denominar), que se sobrepõe ao Burn-out. Nós fechamos no cinismo, e exaustos concluímos que nossas ações são insignificantes. Nos afastamos do trabalho, endurecemos e perdemos a ternura pelos nossos pacientes. Esse é um (dos vários) motivos da prevalência aumentada de burn-out em profissionais de saúde, não somos ensinados a lidar com o sofrimento de nossos pacientes, tão pouco o nosso próprio.

É doído, a partir da ótica da cura, encarar o inevitável limite da técnica. De chegar ao ponto em que “não há mais nada a fazer”. De encararmos de frente a nossa finitude, ao sofrer junto com nossos pacientes a finitude deles. A reação não natural, mas esperada, treinada e replicada ao longo das gerações anteriores é de criar um muro entre profissional e paciente, nos blindando a esses sentimentos. Em compensação, partindo da ótica do cuidado ou da atenção, o valor central é a dignidade humana, enfatizando a solidariedade entre o paciente e o profissional da saúde, em atitude que resulta numa compaixão afetiva. Essa mudança de perspectiva é talvez a melhor forma de assistirmos nossos pacientes de uma maneira mais humana, mas principalmente é a maior oportunidade que temos de superar nossas próprias feridas.

 

Referências:

LANGUI, THUPTEN JINPA. Um coração sem medo. Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2015.

WALLACE, ALAN. Felicidade Genuína. Petrópolis: Editora Lúcida Letra, 2015.

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