Por que devemos falar sobre suicídio?
PROALU - Programa de Acolhimento ao Luto
Por Luciana Rocha
Pra quem não me conhece, sou Luciana Rocha, psicóloga especialista em suicídio e luto. Até o ano de 2015, apesar de formada há mais de 16 anos na época, eu nada sabia sobre esses temas. Acontece que no final desse ano, a vida me surpreendeu com uma triste realidade: o suicídio do meu marido.
Quer a gente queira ou não, o suicídio mata em média 1 milhão de pessoas por ano, deixando uma média de 140 milhões de enlutados. E é importante dizer que o suicídio é subnotificado. Esse número é certamente muito maior. Acidentes de carro, mortes por causa não divulgada ou mal definida, são suicídios disfarçados em outros causas.
Mas por que isso acontece? O suicídio ainda é visto como tabu. As pessoas acham que não devem falar a respeito. Os sobreviventes (enlutados por suicídio) sentem-se muitas vezes envergonhados e escondem a verdadeira forma como a pessoa morreu.
A gente precisa entender que a única forma que temos de diminuir o número de suicídios e falando sobre ele. Esse fenômeno complexo é um problema sério de saúde pública. Precisamos de profissionais aptos e competentes para atenderem tentativas de suicídio, suas famílias e exercerem a psicoeducação.
Não há como perceber possíveis sinais – que nem sempre são dados – se não tivermos informações corretas. Não há como ajudar, se não soubermos o que fazer em uma situação aonde alguém possa estar falando em tirar a própria vida.
Quem morre por suicídio é vítima. Vítima da falta de informação e da psicofobia (preconceito contra as pessoas com doenças mentais). Resumir a vida de uma pessoa à forma como ela morreu é, no mínimo, cruel.
O suicídio é multifatorial, sendo influenciado por fatores culturais, sociais, genéticos, biológicos e psicológicos, e a consequência final de um processo que já estava instalado e culminou nesse triste desfecho.
Se você quer contribuir para quebrar esse tabu e ajudar quem precisa, procure informação de qualidade com profissionais especializados no tema.
E muito cuidado com o que você compartilha, principalmente durante o Setembro Amarelo. Há muitas postagens que acabam sendo gatilho, trazendo ainda mais sofrimento para quem precisa de ajuda.
Para conhecer mais sobre o tema, sugiro a leitura do meu livro : “Nem covarde, Nem herói – Amor e recomeço diante de uma perda por suicídio”.
Rede social: @luciana.psicologia
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