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Setembro Amarelo – Prevenção e Posvenção do Suicídio

Setembro Amarelo – Prevenção e Posvenção do Suicídio

PROALU - Programa de Acolhimento ao Luto

Foto de gettyimages

Por Sandra Evangelista

A campanha Setembro Amarelo acontece no Brasil desde 2014, e tem o objetivo de combater o estigma através da informação. O tema morte e suicídio são temas tabus em nossa sociedade, o que dificulta a expressão dos sentimentos, a elaboração do luto dos sobreviventes enlutados e a prevenção do suicídio.

Conforme pesquisa realizada em 2019, pela OMS, estima-se mais de um milhão de casos no mundo, sendo que uma das principais causas é o adoecimento mental, não tratado ou tratado de forma incorreta. Como uma questão de saúde pública, são necessárias ações que ofereçam acesso aos tratamentos psiquiátricos e psicoterapêuticos, informações que contribuam para o esclarecimento de dúvidas e orientações sobre como agir diante de uma situação de risco e onde buscar auxílio. Tratando-se de pósvenção, oferecer cuidado e acolhimento às pessoas que perderam seus entes queridos por suicídio, prevenindo o adoecimento no presente e no futuro.

O luto por suicídio é complexo, pois a morte é inesperada e violenta. Ela vem acompanhada de uma carga intensa de sofrimento, dúvidas, culpas e autoacusações dos sobreviventes enlutados. Além disso, há a cobrança social e a imposição do silêncio, que asfixia.

Quanto ao ente que morreu por suicídio, este não conseguiu suportar o sofrimento, e em um ato desesperado, não viu outra saída senão extinguir a própria vida, buscando alívio para sua dor e o fim para o seu sofrimento.

Como um evento multifatorial, o suicídio revela a dificuldade no enfrentamento das situações difíceis e traumáticas, a presença de transtornos mentais, o sentimento de desamparo, e outros. O ambiente social, político, econômico e cultural também são fatores importantes que precisam ser compreendidos; as crenças, valores e condições de vida nos oferecem pistas sobre o contexto em que a pessoa vive, e quais recursos internos e externos ela possui para o enfrentamento das dificuldades no seu cotidiano.

Não é possível prever se a pessoa tem a intenção de tirar a própria vida, mas é possível observá-la, e minimizar os riscos.  No convívio, é possível perceber se há um sofrimento contínuo com prejuízos nas atividades diárias, abuso de substâncias (álcool e drogas), falta de sentido na vida, falta de uma rede de apoio composta por amigos e familiares e se há pensamentos negativos com um plano de ação suicida.

O melhor combate é potencializar as pessoas, reconhecer as suas habilidades e qualidades, contribuir para que elas invistam em si mesmas, aumentando a confiança e autoestima. O desenvolvimento da resiliência, que pode abarcar o sentimento de segurança física e emocional, de pertencimento, de acolhimento no grupo social e de compartilhamento das experiências. Os cuidados com a saúde física e mental, através da oferta de serviços públicos, e o autocuidado, quando a pessoa busca dentro das suas condições, hábitos que lhe gerem sensação de bem-estar.

E como cuidar de um luto tão específico como o luto por suicídio?

Acolha!

Pense em um sofrimento tão intenso que desorganiza a vida da pessoa, que aniquila com o presente e tira da pessoa quaisquer perspectivas futuras. É uma herança de dúvidas, de questões sem respostas, de sentimentos como a culpa por não ter visto, ouvido ou percebido, ou até mesmo de raiva pelo abandono, pela vida não vivida. É um luto carregado de acusações veladas ou de perguntas violentas e insensíveis, o que coloca o sobrevivente enlutado em uma posição tão desconfortável, que ele prefere o isolamento e o silêncio, ao ter que dar explicações para o inexplicável.

Respeite!

Compreenda a dor e o sofrimento. Ofereça a escuta sem julgamentos.

Apoie!

Seja presente, para que a pessoa sinta que não está sozinha.

Setembro Amarelo – A vida é a melhor escolha!

Como ajudar na prática:

Esteja disponível para ouvir o que se sente; Não contribua com o estigma através de julgamentos;  Compartilhe informações boas e seguras sobre o tema; Ajude a pessoa a  construir ou ampliar a rede de apoio, como amigos e familiares; Ajude-a nas ações de bem-estar pessoal e profissional; Incentive-a a buscar ajuda profissional caso seja necessária, como serviços de psiquiatria e psicoterapia.

Sandra Evangelista, Psicóloga Clínica, CRP-06/177261

 

Referências Bibliográficas:

FUKUMITSU, Karina Okajima; KOVACS, Maria Júlia. Especificidades sobre processo de luto frente ao suicídio. Psico (Porto Alegre),  Porto Alegre ,  v. 47, n. 1, p. 03-12,   2016 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-53712016000100002&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  31  ago.  2022.  http://dx.doi.org/10.15448/1980-8623.2016.1.19651.

Fukumitsu, Karina Okajima. O psicoterapeuta diante do comportamento suicida. Psicologia USP [online]. 2014, v. 25, n. 3 [Acessado 31 Agosto 2022] , pp. 270-275. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0103-6564D20140001>. ISSN 1678-5177. https://doi.org/10.1590/0103-6564D20140001.

Scavacini, Karen et. al. Posvenção: orientação para o cuidado ao luto por suicídio (livro eletrônico). São Paulo: Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção de Suicídio, 2020. PDF.

Setembro Amarelo. Campanha de Prevenção e Pósvenção do Suicídio (2022). Disponível em www.setembroamarelo.com.br.

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